quinta-feira, 29 de março de 2012

Machado de Assis

Joaquim Maria Machado de Assis (Rio de Janeiro, 21 de junho de 1839 — Rio de Janeiro, 29 de setembro de 1908) foi um escritor brasileiro, amplamente considerado como o maior nome da literatura nacional. Escreveu em praticamente todos os gêneros literários, sendo poeta, romancista, cronista, dramaturgo, contista, folhetinista, jornalista, e crítico literário. Testemunhou a mudança política no país quando a República substituiu o Império e foi um grande comentador e relator dos eventos político-sociais de sua época.
Nascido no Morro do Livramento, Rio de Janeiro, de uma família pobre, mal estudou em escolas públicas e nunca frequentou universidade. Os biógrafos notam que, interessado pela boémia e pela corte, lutou para subir socialmente abastecendo-se de superioridade intelectual. Para isso, assumiu diversos cargos públicos, passando pelo Ministério da Agricultura, do Comércio e das Obras Públicas, e conseguindo precoce notoriedade em jornais onde publicava suas primeiras poesias e crônicas. Em sua maturidade, reunido a colegas próximos, fundou e foi o primeiro presidente unânime da Academia Brasileira de Letras.
Sua extensa obra constitui-se de 9 romances e peças teatrais, 200 contos, 5 coletâneas de poemas e sonetos, e mais de 600 crônicas. Machado de Assis é considerado o introdutor do Realismo no Brasil, com a publicação de Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881). Este romance é posto ao lado de todas suas produções posteriores, Quincas Borba, Dom Casmurro, Esaú e Jacó e Memorial de Aires, ortodoxamente conhecidas como pertencentes a sua segunda fase, em que nota-se traços de pessimismo e ironia, embora não haja rompimento de resíduos românticos. Dessa fase, os críticos destacam que suas melhores obras são as da Trilogia Realista. Sua primeira fase literária é constituída de obras como Ressurreição, A Mão e a Luva, Helena e Iaiá Garcia, onde nota-se características herdadas do Romantismo, ou "convencionalismo", como prefere a crítica moderna.
Sua obra foi de fundamental importância para as escolas literárias brasileiras do século XIX e do século XX e surge nos dias de hoje como de grande interesse acadêmico e público.Influenciou grandes nomes das letras, como Olavo Bilac, Lima Barreto, Drummond de Andrade, John Barth, Donald Barthelme e outros. Em seu tempo de vida, alcançou relativa fama e prestígio pelo Brasil,contudo não desfrutou de popularidade exterior na época. Hoje em dia, por sua inovação e audácia em temas precoces, é frequentemente visto como o escritor brasileiro de produção sem precedentes,[23] de modo que, recentemente, seu nome e sua obra têm alcançado diversos críticos, estudiosos e admiradores do mundo inteiro. Machado de Assis é considerado um dos grandes gênios da história da literatura, ao lado de autores como Dante, Shakespeare e Camões.




Crítica
Volume de Memórias Póstumas de Brás Cubas dedicado pelo próprio autor para a Biblioteca Nacional.
Em sua História da Literatura Brasileira, José Verissimo dedica-se a um capítulo inteiro para tratar de Machado de Assis e lhe separa duas fases de sua obra: uma ligada à escola romântica (ou aos convencionalismos da época) e outra realista.[113] Os romances da primeira fase seriam Ressurreição (1872), A Mão e a Luva (1874), Helena (1876), Iaiá Garcia (1878), enquanto que os da segunda seriam todos os outros restantes de sua carreira, Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881), Quincas Borba (1891), Dom Casmurro (1899), Esaú e Jacó (1904) e Memorial de Aires (1908), pertencentes ao Realismo. Embora esta divisão seja ortodoxa entre os acadêmicos, o próprio Machado escrevera numa apresentação de uma reedição de Helena que este romance e os outros de sua fase "romanesca" possuíam um "eco de mocidade e fé ingênua."
Contos Fluminenses (1872) e Histórias da Meia Noite (1873), consecutivamente, são posicionados em sua primeira fase, e Ocidentais (1882), ao lado de Histórias sem Data (1884), Várias Histórias (1896), Páginas Recolhidas (1899), e Relíquias da Casa Velha (1906), na segunda.[115] Seus dois primeiros livros de estreia, Crisálidas (1864) e Falenas (1870), são poéticos. Vinte e dois poemas, escritos entre 1858 e 64, compunham este primeiro livro. Há nestes poemas todos uma emoção "menos desbordante" que o comum lirismo da literatura brasileira.[116] As Crisálidas eram inspiradas por intensas emoções amorosas ou pelo belo do feminino; os tercetos de "No Limiar" e os alexandrinos de "Aspiração" prefiguram os temas subjetivos e sentidamente idealizados de suas Ocidentais de 1882, embora não apresentassem excesso de sentimentalismo ou exagero de idealismo mas estremes da oratória. Os dois livros poéticos embebiam-se dos cânones românticos, mas não se filiavam à natureza tropical do país.[118] Três anos antes destas duas publicações, Machado estreava como dramaturgo com a comédia Desencantos e a sátira Queda que as Mulheres Têm para os Tolos (tradução do livro de Victor Hénaux).[32] Após 1866, a produção poética e teatral, outrora frequente, torna-se escassa.[119]
"Não me culpeis pelo que lhe achardes romanesco. Dos que então fiz, este me era particularmente prezado. Agora mesmo, que há tanto me fui a outras e diferente páginas, ouço um eco remoto ao reler estas, eco de mocidade e fé ingênua. E claro que, em nenhum caso, lhes tiraria a feição passada; cada obra pertence ao seu tempo."
—Apresentação de Machado de Assis a uma reedição de Helena, em que fala sobre a mudança de seu estilo literário.

Liberto da "Escola Romântica" ou do "convencionalismo", como prefere a crítica moderna,Machado assume uma posição mais madura de sua carreira e compõe sucessivamente o que seriam todas as suas principais obras. A brusca mutação do autor é estudada pelos biógrafos juntamente com sua suposta "crise espiritual dos 40 anos" e da estadia que tivera de fazer para Nova Friburgo após a morte da esposa. Apesar dessa sua segunda fase ser chamada "realista", críticos modernos argumentam que, ao contrário dos realistas, "que eram muito dependentes de um certo esquematismo determinista, Machado não procura causas muito explícitas ou claras para a explicação das personagens e situações". Além disso, Machado criticava filosofias como o determinismo e o cientificismo da segunda metade do século XIX, fazendo com que suas obras não se encaixem perfeitamente nos pressupostos estéticos do Realismo.
Após Memórias Póstumas de Brás Cubas, sucede-se diversas escritas de contos cuja estética é vista como "mais madura" e cujos temas são mais ousados. "A Causa Secreta", "Capítulos dos Chapéus", "A Igreja do Diabo" e "Pai Contra Mãe" fazem parte desta fase. Iniciou sua carreira como contista em 1858, com "Três Tesouros Perdidos", e seguiu no ramo escrevendo contos em climas de tensões e de intensidade nos acontecimentos.Por vezes seus contos são anedóticos, como em "A Cartomante", onde existe um final surpreendente, ou moderno, com o simples flagrante de um cotidiano, como em "Conto de Escola", ou de caráter, como em "Um Homem Célebre" ou em "O Espelho", que busca traçar "tipos humanos determinados em ideias fixas".Escrevendo prolificamente conto e romance, surgiu o debate se Machado de Assis era mais genial em um ou em outro. Em 1882, publica O Alienista, que para alguns trata-se de conto, enquanto que para outros é uma novela. É eminente, contudo, diferenciar a forma dos dois gêneros em Machado: seu romance "procura representar o mundo como um todo: persegue a espinha dorsal e o conjunto da sociedade", enquanto que seu conto "é a representação de uma pequena parte desse conjunto, mas não de qualquer parte, e sim daquela especial de que se pode tirar algum sentido." Em sua produção final, publicou o "diplomático romance" Memorial de Aires e a peça teatral Lição de Botânica.
Obras
Romances
• Ressurreição, (1872)
• A mão e a luva, (1874)
• Helena, (1876)
• Iaiá Garcia, (1878)
• Memórias Póstumas de Brás Cubas, (1881)
• Casa Velha, (1885)
• Quincas Borba, (1891)
• Dom Casmurro, (1899)
• Esaú e Jacó, (1904)
• Memorial de Aires, (1908) Coletânea de Poesias
• Crisálidas, (1864)
• Falenas, (1870)
• Americanas, (1875)
• Ocidentais, (1880)
• Poesias Completas, (1901) Coletânea de contos
• Contos Fluminenses, (1870)
• Histórias da Meia-Noite, (1873)
• Papéis Avulsos, (1882)
• Histórias sem Data, (1884)
• Várias Histórias, (1896)
• Páginas Recolhidas, (1899)
• Relíquias da Casa Velha, (1906)
Peças de teatro
• Hoje Avental, Amanhã Luva, (1860)
• Queda que as mulheres têm para os tolos, (1861)
• Desencantos, (1861)
• O Caminho da Porta, (1863)
• O Protocolo, (1863)
• Teatro, (1863)
• Quase Ministro, (1864)
• Os Deuses de Casaca, (1866)
• Tu, só tu, puro amor, (1880)
• Não Consultes Médico, (1896)
• Lição de Botânica-1906
Contos selecionados
• "A Carteira"
• "Miss Dollar"
• "O Alienista" (†)
• "Teoria do Medalhão"
• "A Chinela Turca"
• "Na Arca"
• "D. Benedita"
• "O Segredo do Bonzo"
• "O Anel de Polícrates"
• "O Empréstimo"
• "A Sereníssima República"
• "O Espelho"
• "Um Capricho"
• "Brincar com Fogo"
Contos selecionados
• "Uma Visita de Alcibíades"
• "Verba Testamentária"
• "Noite de Almirante"
• "Um Homem Célebre"
• "Conto de Escola"
• "Uns Braços"
• "A Cartomante"
• "O Enfermeiro"
• "Trio em Lá Menor"
• "O Caso da Vara"
• "Missa do Galo"
• "Almas Agradecidas"
• "A Igreja do Diabo"

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